Perdido




Ontem eu perdi minha carteira
E perdi com ela o dinheiro do aluguel
Perdi a calma, perdi a paciência com a patroa culpando-me

Perdi o tesão, perdi a fome
Perdi o sono, perdio horário
Perdi o busão e saí atrasado
Perdi o vazio e fui no lotado
Perdi o bilhete, paguei com uns trocado
Perdi o café no trampo
Perdi o crachá, ouvi um bucado
Já tava atrasado...perdi meu trabalho...
Perdi meu salário, perdi meu sustento
Perdido vaguei contra o vento
Perdi meu barraco, perdi minha mulher
Perdi o respeito e os camaradas
Perdi a esperança e a confiança
Perdi minha infância, lá atrás
Já nasci perdendo, já perdi demais
Perdi o brilho no olhar
Perdi a cabeça
Já perdi tanto que nada tenho a perder
Perdi o medo do escuro, do mal
Perdi o medo de roubar e matar
Perdi as estribeiras
Perdi a noção e em plena luz do dia
Alguém mais vai perder
Já Perdi demais sozinho
Perdi a bondade no coração
Perdi a carteira, o busão, o horário, o trabalho, a infância, porra!
Só na perdi a pontaria, ta ligado?!
Perdi o controle
-perdeu playboy...-plau!
Fui dar um perdido
Perdi o pique
Perdi o caminho
Perdi na troca com os tiras
Perdi a dignidade, perdi sangue
Perdi o horário, o busão, o salário, o barraco
Perdi a bondade, o sono, o trabalho e antes de tudo isso
Perdi a carteira
Perdi a esperança
Perdi o medo de atirar
O medo de perder tudo
Perdi muito, mais muito sangue
Perdi a vida
Perdi tudo
Perdi



Autor:

FÁBIO BOCA
(Mc do Grupo DIQUINTAL, Poeta ZAPeão de 2011)

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